quinta-feira, agosto 31, 2006

Prá onde ele foi com seus sonhos impossíveis?
Navegar na constelação dos trópicos celestes
Tocando a abóbada terrestre com dedos vacilantes
E o vento, ah o vento que embala a lua
Tocava seus cabelos cor de púrpura

Prá onde ela foi com suas dúvidas e medos?
Aterrizou no altiplano coração trancado
Como albatrozes em pleno balet aéreo
E plumas envolvendo a escuridão

Agora sou eu e comigo as estrelas
Prá onde fomos nós?
Em seus anéis toquei meus lábios
Na algazarra dos meus pensamentos
Feri a flor que brotou no sol

E se apagou, e acabou, e renasceu, e floresceu
E derramou pétalas no mar
O som do beijo do sol nas águas
Fez meu amor acordar

O amor desperto não se conteve
Expandiu-se aos quatro ventos
E a rosa exalou seu perfume
Cobrindo a noite de luz

Aprofundou-se nas gélidas poesias mortas
Aqueceu meus versos reticentes
Contorci-me de prazer ante a voz
Que ressoava nas velas agitadas

Sou eu, eu sei, existo e sou eu
Sempre e sempre e nunca
Nunca mais serei eu mesmo
Por você, por mim, por todos
Ou por ninguém
Ninguém que é a vida exaurida, contorcida
Confundida com a morte que existe
Livrando-me da existência
Desviando o leme, quebrando o mastro
Soltando a âncora que afunda, afunda
A funda que guardou a pedra
Matou o gigante que dormia em seus devaneios
Retorcida sombra sem forma definida

De finita a vida evanesce
E sopra ao longe
O último suspiro
A última dor
E a cor da flor
Com pétalas enegrecidas, ressequidas, esquecidas
Sou eu.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial