terça-feira, fevereiro 24, 2009

Carta à minha irmã

A vida impediu-me de ver-te nascer
De embalar teu doce sono de criança
E de te acalmar após um sonho ruim

Não acompanhei o choro dos primeiros dentinhos
Nem tive noites insones ao teu lado
Quando a dor ou febre vieram te maltratar

Só posso imaginar a alegria que foram teus primeiros passos
O cambalear de uma nova vida de liberdade
Também não pude erguer-te nas inevitáveis quedas

Como eu gostaria de ter visto tuas primeiras letras
Os traços tortuosos iniciando o be a ba
E os rabiscos que tu imaginavas serem castelos e princesas

Não pude partilhar contigo segredos de infância
E nem vi quando a adolescência chegou
Com seus dramas, sonhos e fantasias

Ah! Como eu gostaria de ver-te moça e faceira
De ver o brilho em teus olhos quando te apaixonaste pela primeira vez
Te juro que eu seria teu mais fiel e atento confidente

Nem quando sofreste tua maior dor eu não pude estar lá
Mas foi só porque a vida não me permitiu
Pois eu queria estar lá, te abaçar e chorar contigo

Hoje o que tenho é somente um pequeno retrato
E algumas vagas recordções de um encontro
Que eu espero um dia possa se repetir

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