domingo, março 30, 2008

Não há nada que permaneça
Dos momentos de glória
Tudo não passa
De vãs recordações

Sobre os montes se contempla
A furiosa loucura juvenil
Encanecida pela própria volúpia
Sem sombras de misericórdia

De instantes tenebrosos
Constrói-se a própria história
Com inglórias lutas
E sangrentos combates

"O passado já foi,
O futuro virá"
E nenhum desprezo
Os derrotará

À luz! Ao sol!
As ordens foram dadas
A missão foi cumprida
Mas quem se lembra?
Seria a vida uma aventura
Como os segredos esquecidos
No ventre estéril da fortuna
Augusta de tantos miseráveis?

Estariam aqueles sonhos impossíveis
Perdidos no limbo do pesadelo
Sofrendo a angústia de não existir
No jardim dos desavisados?

Não seria porventura inexpressivo
O canto entristecido e não ouvido
Dos cantores de rimas mudas?

Ou ainda sofreriam as dores
Aqueles a quem a vida esqueceu
Guardados em quartos escuros?