terça-feira, julho 31, 2007

Se a vida é bela como uma rosa
Onde estão meus jardins suspensos?

Não sei mais o que posso fazer
Além de sofrer e amar acima de tudo

Sem investidas da pura razão
Não se vencem as barreiras do coração

Hoje é só mais um dia de muitos que virão
Ou todos já passaram e eu não vi?

Não há futuro que se sustente
Se os fundamentos forem quebrados

Já que a sorte foi lançada
Não espere dias felizes

E se vierem, serão breves
Não será possível percebê-los

E se forem percebidos
Diga adeus a todos

Não serão seus um instante sequer
Arredios são a quem os quer bem

E num instante a vida se vai
Para os cães uivarem para lua
Ainda há de se derramar um bálsamo
Sobre cada ferida aberta pelo tempo

E mesmo que o luto persista
Haverá motivos para sorrir

As paredes aquecidas foram ao chão
Um espetáculo de terror como adeus

Para tanta dor não se encontra explicação
Apenas a esperança de que tudo não passe de um sonho

Com os olhos fechados é possível enxergar
O desespero de quem não teve tempo de morrer

E mesmo que se proponha uma caça às bruxas
A vida que foi ceifada num segundo não será esquecida

Abraços e lágrimas, acusações e denúncias
Os culpados são sempre os mesmos

Não têm escrúpulos a oferecer
Somente descaso e ofensivo deboche

Não importa quem errou
Se o pior já aconteceu

Só nos resta contemplar as lágrimas
Da solidão das viúvas e dos órfãos

sexta-feira, julho 27, 2007

Apagar a luz

Não é por acaso que tudo é desfeito
Como peças de um dominó se derrubam
Eu continuo de pé apesar de você

Sobre os montes se hasteiam bandeiras
Dos que se alegram com a guerra
E rejeitam a paz

Triunfando um triunfo salgado
Com gosto de sangue amordaçado
Envolto em grito desesperado

À mesa se traçam os mapas
Da destruição irracional da vida
E se morre por nada numa luta perdida

Onde estão os heróis que pregam a covardia?
Abarrotam sepulturas sem nome
Não provocam o derramar de nenhuma lágrima

As notícias dão a guerra por encerrada
Mas eles se sentam para programar outra
Pois é amor à guerra, não ódio aos inimigos

E quem será que vai apagar a luz
E presenciar o último suspiro?

segunda-feira, julho 23, 2007

Haveria um disfarce a ser sustentado
Uma Máscara que não pode cair
Como um segredo irrevelável
Uma mentira que se sustenta

Sendo uma farsa apresentada
De uma tradução mal feita
Encobre-se a verdade maltrapilha
Encarcerada em paradigmas

Não se dispensa embustes ideológicos
A falsidade acadêmica é como virtude
O que se imita, repete e espia
É a novidade consagrada do velho

Não há nada que esteja oculto
Que não venha a ser descoberto
Quando a escuridão se rende à luz
A verdade segue como serpente entocada

E mesmo que ainda se minta
Não se consegue alcançar o vento
Pois a leviandade de toda falsidade
Não se sustenta no decorrer do tempo

domingo, julho 22, 2007

Não é por acaso que tudo é desfeito
Como peças de um dominó se derrubam
Eu continuo de pé apesar de você

E sobre os montes se hasteiam bandeiras
Dos que se alegram com a guerra
E rejeitam a paz

E se triunfa um triunfo salgado
Com gosto de sangue amordaçado
Envolto num grito sufocado

Sentado à mesa se traça os mapas
Da destruição irracional da vida
E se morre por nada numa luta perdida

Onde estão os heróis da covardia?
Abarrotam sepulturas sem nome
Sem provocar o derramar de nenhuma lágrima

As notícias dão a guerra por encerrada
Mas eles se sentam e programam outra
Não por ódio ao inimigo, mas por amor à guerra

E quem será que vai apagar a luz
E presenciar o último suspiro?
A cada ano que passa
Em cada marca do tempo
Fica sempre a impressão
De que há muito o que se viver

São crises que se passam
Alegrias que se extravazam
E a inutilidade dos dias
Se faz presente a todo tempo

Não é somente uma farsa
Uma suspeita que não se confirma
E mesmo assim não se sacia a sede
Dos que anseiam por morrer

Nas palavras do velho sábio:
Vaidade de vaidade
Tudo é vaidade!

sexta-feira, julho 20, 2007

Perdidas em algum lugar do passado
Estão as fronteiras vencidas de todos nós

Sobrepostas às desilusões do dia-a-dia
Como um soneto incompleto e sem rima

Numa cidade onde nada muda, só as estações
A vilania de deixar-se apaixonar
Invade as noites frias de inverno
Gelando corações vulcânicos adormecidos

De uma estrofe só se constrói o poema da vida
Rimando desastres com o acaso das catástrofes
Mesmo quem passa incólume por todos os obstáculos
Sofre a dor de não sofrer mesmo que seja um pouco

Vaidade, eis que tudo se resume em vaidade
Dos minutos contados às horas desperdiçadas
Dos sonhos reais às utopias concretizadas
Tudo não passa de pura vaidade dos homens

Servir como um enfeite cadavérico em vida
Tal qual as flores no caixão do esquecimento
Eis a vida incubada, abortada e intumescida
E os cães continuam a ladrar para todos os carros
Não sei viver sem ver o sol
A iluminar meu rosto a cada manhã
Secando o orvalho que escorre das flores
Trazendo a vida que a noite escondeu

Não sei viver sem ver a lua
Com seus raios de prata a iluminar o céu
Embalando amores proibidos
Ocultando a vida e seus mistérios

Não sei viver como qualquer um
Preciso da força que move o mundo
O meu mundo, não o dos outros
O amor é a força que me move

Não sei viver sem perceber meus defeitos
Não vou me esconder atrás da máscara da ilusão
Vivo a verdade que me sustenta
Resisto à mentira que me afronta todo dia

quinta-feira, julho 19, 2007

Por quatro motivos o dia se torna feliz
E por um apenas se todo o seu encanto
Sol, luar, pipa no céu, criança a sorrir
Flor morta, pisada e lançada no chão

Saída das águas turvas do passado
Toda candura esquecida endurece
As pétalas caem, as folhas ressecam
E o beijo do veneno dá fim a Julieta

Mais um beijo, e dessa vez o do vampiro
Suga a essência da vida de todos os amantes
Que por amor ao ódio se lançam á guerra
E por repulsa á paz não a abandonam jamais

Por um motivo apenas o sol nasce todo dia
E por outros quatro a lua mostra sua face
Necessidade involuntária de fornecer amor
Paixão de amantes, sono de sol, renovar
Das flores e renascer da vida

terça-feira, julho 17, 2007

Não desperte e mim sentimentos rebeldes
Sem querer eu posso te ferir por dentro
E despedaçar seus lábios num beijo sem paixão

Sem a doçura dos dias gelados de inverno
Me aqueci na doce fonte da ternura
E esqueci de todo o resto que me iludia

Seria até um dia perfeito e sublime
Se não fosse a rebeldia recalcitrante
Ardilosa em todas a suas tramas

O que seria de nós sem a doce magia
De um dia sem nuvens e jardins floridos
Mesmo sem borboleta que a enfeitá-los

Mas no final de tudo, não esqueça os sentimentos
Mesmo os rebeldes, por que sem eles não se vive
Apenas se existe sem muito sentido
Onde estão os seus sonhos criança desnuda
Pela vida bandida que consome seus dias
Pelo frio terrível que te dilacera a face
Pela escassa comida que não te sacia

Você sabe o que são sonhos desamparada criança?
Olhe para o céu e contemple o cinza sombrio
Mas não se desespere, ainda não é o fim
O pior ainda está por vir

Que medos atormentam seu sono
Minha doce criança insone?
Será a certeza da morte
Tão presente em sua vida ?

Abra teus olhos e veja o futuro
Tão negro quanto a noite que te tortura
Tão incerto quanto a liberdade
E mais violento que seus dias

Não seja pessimista criança ingênua
É natural a vida ser ruim
O que espanta são os momentos felizes
Que não existem nem nos melhores sonhos

sexta-feira, julho 13, 2007

RECORDAÇÕES

Ainda me lembro muito bem
Era outono e as folhas caíam
Mas havia cheiro de fruta no ar

São doces lembranças
Que guardo da infância
Que ainda brotam em meu coração

Não são mais alegres os dias de hoje
O outono não se distingue mais
Das outras estações do ano

Impera um cheiro de fumaça no ar
Não há mais o doce aroma das frutas
Que de tanta química tornaram-se nocivas

Hoje não se produz mais lembrança
O passado é um pesadelo que se quer esquecer
E o futuro é envolto em medo

A infância já não é mais inocente
A pureza de seus olhos foi roubada
E não há mais quem a encontre

Meu coração já não bate com tanto vigor
Desiludiu-se com o tempo presente
E esqueceu todas as suas recordações