Por sermos previsíveis nos atiramos ao marUm vôo rasante pelos trópicos geladosUm mergulho profundo nas asas do abismoUm mistério revelado em águas turvasPor sermos inocentes nos perdemos no isolamentoSem pecado nem perdão no olho do furacãoDas jóias roubadas apenas os rubis sobraramSe foram para sempre as ruínas do horizonteO sol sem tocar o chão revelou-se um vilãoNas manchas roxas de um rosto sem expressãoAs origens se forjam e contam sua históriaNas marcas deixadas em pedras marmóreasAs luzes alcançaram seu destino triunfalFormaram sombras na parede como se fosse carnavalDe confetes e serpentina criaram um vendavalOs subúrbios da angústia revelam o seu malSem perder a consciência alcançar a genialidadeDe uma rosa transformada em sequidão de estioNasceram pérolas mortas despedaçadasSem o aval da opulência do simples ancestral
Não resistimos à nossa faláciaDas mentiras que contamos nenhuma prevaleceuInsustentáveis, difíceis de acreditarPor suborno ou por vontade, para nada servemPor loucura ou medo, paixão ou vícioNos emaranhamos em discórdias deprimentesPor vaidade ou perversão, insanidade ou depressãoDesatamos os nós da maldade que nos assolaNão são permitidas vitórias inglóriasPor corrupção será simples a desordemDe caos em caos se transforma retóricaVazia, desafinada ou puramente inválidaPor vingança o atroz assassinoNum rompante de cólera rompe o fio da igualdadeConstruída e conquistada sem amorDe remorsos exaurida em sua luzNão seria sem sentido sentir demasiadoE em segredo lamentar o caos ordenadoDas dunas do deserto escondido e seladoNo seio arfante de um herói decapitadoPor certeza de impunidade desonrosaA vida se arrasta sem precisãoDestronando rotas que se colidemNuma perfeita parede de ilusão
Guarde o segredo e não se perca nos detalhesNão tente complicar o que é simples na vidaNão se turbe com a pressão dos descompromissadosA despedida será sempre a melhor saída na chegadaDe qualquer forma o que era voltará a ser novamenteE os segredos permanecerão imóveis em seus mistériosSeduzindo e tragando quem os desconhece no fimComo o sol que não sai apesar de ter nascidoO conta-gotas da virtude não se renderá à sua mãoComo o adeus que não é dito fica esquecido na multidãoA multidão dos temores que surpreendem o coraçãoE deixam vazios os sentidos da pobre razãoNão se deixe levar pela tristeza que nada trazNo final das contas o segredo da vida se manteráE antes que tudo se acabe o melhor é recomeçarAguardando mistérios que nunca vão se revelar
Aderi à fantasia de viver sem minha sombraSem os lápis azuis que traçam minhas formasNão deixando marcas e rastros no infinitoInfindo percurso traçado pelo absurdoEntre montes e nuvens carregadas de somTransbordam enchentes na mente ociosaNo ciclo das águas a vida morta é refeitaCom carbono, sangue e um mar de incertezasMensageiros dos sonhos sem forma e conteúdoDistribuem a esmo imprevisíveis soluçõesComo se fosse a certeza de uma saudadeA porta aberta que entrevê o horizonteEsperei a hora certa sem acreditar no que ouviaTrovões e estrondos de uma vida que se esvaziaPerdido sem sombra e memória esquecidaDe um dia vivido sem hora vazia
Ainda prefiro o barulho do marCom seu eterno vai e vem sem cessarDe vagas cintilantes onde a lua não pode bailarE espumas flutuantes que a mão não pode pegarAinda perfiro um minuto a mais para esperarDo que desistir de ver a banda passarCom flautas e tambores trazendo alegria ao lugarQue crianças sozinhas não conseguem alegrarAinda prefiro a incerteza de esperarNão permitindo nunca o desesperarMesmo que a vida encubra o luarMesmo assim escolho acreditarAinda prefiro todas as formas de amarMesmo vendo o ódio em tantas esferas imperarUm tanto sem medida o coração vai se encantarCom todo minuto incerto de barulho do mar
Se você quiser saber o que meu coração está dizendoOlhe para o céu azul e lá encontrará a respostaUma estrela solitária teima em brilharApesar das nuvens que tentam encobri-laNão ouça a minha voz, ela não dirá nadaNada que seus ouvidos possam compreenderTente ouvi-la através dos olhos que choramSe você quiser saber para onde eu ireiSiga os rastros que o vento apagouSinta a água do mar tocar seus pésE descubra que ainda está muito longeNão perceba a dor que estou sentindoNada disso será útil para a nossa geraçãoEla não gera, absorve ou se importaSe você quiser acompanhar as minha lutasLembre-se que nunca uso espadas nuasE da mesma forma que o sol nunca cegou meus olhosNem sempre me perco em causas perdidasNão desista das aventuras dessa vidaTudo isso será útil para a próxima geraçãoQue virá nua, sem espada e esquecida